17/02/2022
Hoje sai uma breve referência à criação da Quinta da Chavelha. O Douro como o conhecemos nem sempre foi assim, repleto de montes e vales envoltos em vinhas. Os métodos manuais e um terroir agreste muito exigiram do povo duriense para hoje ser chamado de Património Mundial da Unesco (celebramos os 20 anos em 2021), a produção praticamente exclusiva de vinho do Porto e a monopolização desses mercados pelas famílias inglesas (principais exportadores da região) nunca permitiu o desenvolvimento dos chamados vinhos de mesa. Apenas quando a região foi demarcada como primeira região vinícola do mundo, o Douro se começou a expressar. A Quinta da Chavelha não é indiferente a este crescimento, sendo no início apenas agrícola e não mais que um nome, um aglomerado de parcelas de vários proprietários que nele plantavam culturas e pastavam gado. Foi assim que a encontramos, com parcelas abandonadas, pois a exploração agrícola do Douro quase desapareceu sendo substituída ao longo dos anos pela vitícola, algumas oliveiras centenárias, uma dezena de ovelhas e as antigas casas de xisto, onde habitaram e nasceram alguns dos ainda na época proprietários das parcelas. Lentamente fomos anexando as parcelas vizinhas, acompanhando esta expansão com a plantação das primeiras vinhas nos antigos terrenos baldios, que sofreram naturalmente o processo chamado de saibramento com o auxílio de grandes máquinas facilitando o anterior trabalho manual, e gradualmente cobrimos quase a totalidade da área da quinta com as nossas vinhas, a expansão do olival e dos pomares. Recuperamos as antigas casas de xisto, criamos em toda a área da quinta a rede eléctrica e hídrica, recuperamos a maioria dos muros centenários de xisto e chegamos ao que actualmente podemos apreciar. Foram 15 anos de dedicação, sacrifico e muita paixão pela vinha e pelo projecto, ao qual anexamos o projecto vinícola e também turístico.
As fotos não deixam esquecer todo o processo e as memórias de quem por lá passou também não. Foi assim que a antiga Quinta da Chavelha se tornou na actual Quinta da Chavelha, centenária mas renascida.