25/03/2024
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Garrafa de Whisky com selo das forças armadas
""Para uso exclusivo das forças armadas portuguesas”
Era este o rótulo que as garrafas de bebidas alcoólicas destinadas às tropas na guerra colonial ostentavam. A bebida preferida em Angola, era a cerveja das marcas “Cuca” e “Nocal” mas a bebida a que a tropa tinha direito nas refeições era a célebre “água de Lisboa” um vinho carrascão, certamente feito por um conhecido empresário deste sector, que no leito da morte chamou os filhos para lhes dizer: “Vou contar-vos um segredo. Olhai que das uvas também se faz vinho!” Às refeições sempre gostei mais de vinho, mas não era deste que bebia, porque a messe de sargentos comprava caixas de vinho “Dão” e eu juntamente com o furriel Maia, natural da Bairrada, sempre “investimos” muito neste produto.
Os frigoríficos trabalhavam a petróleo e não davam vazão suficiente à procura de cerveja, e assim poucas vezes a cerveja estava fria o suficiente para matar a sede ao pessoal, e então quando chegava uma coluna era “um ver se te avias”, a correr para o bar. Quem chegasse atrasado já só bebia cerveja morna.
À noite, depois do jantar, recorria-se também ao whisky com 2 pedrinhas de gelo, que servia de “calmante” para dormir. Os oficiais e sargentos tinham direito a comprar em cada mês duas garrafas de whisky novo e uma de velho, e quem guardava e distribuía estes produtos era o furriel de transmissões Valdez. Muitas vezes, no dizer do responsável, o whisky não chegava para todos, e então havia reclamações na distribuição de cada mês. O Monks e o Old Parr eram os mais disputados dos velhos onde estava também o Dimple, e que custavam 110/120 escudos. Os novos custavam 50/60 escudos e os mais frequentes eram o Johnnie Walker (red label e black label). Havia também outras bebidas como o Gin Gordon, o vodka Moskovskaya, e alguns licores.
Dois meses antes de terminar a comissão começava-se a preparar o caixote de madeira, (o meu foi confeccionado na serração da Mamarrosa), para transportar para a Metrópole os “recuerdos”, tais como tapetes, artesanato de madeira e também algumas garrafas. O meu caixote era pequeno, mas ainda assim trazia uma vintena de garrafas, entre as quais as três da foto que ainda guardo na minha garrafeira.
Mário Mendes"