08/09/2021
A PSILOCIBINA E O TRATAMENTO PARA
ALCOOLISMO
Um dos principais focos da investigação
científica dos alucinógenos foi nas dependências
químicas de substâncias. Na década de 50, Osmond
e Hoffer já analisavam L*D e mescalina para
tratar o alcoolismo. A hipótese dos cientistas
era de que após o primeiro episódio de delirium
tremens, que caracteriza-se por um estado de
confusão mental abrupto que causa alterações de
consciência e atenção, provocando um
comportamento alternante entre sonolência e
agitação, muito comumente visto em situações de
abstinência de álcool e dr**as, que tendia a ser
altemente aversivo, os pacientes acabavam
alcançando uma sobriedade relativa e, que com o
uso de substâncias alucinógenas, seria possível
que pudesse ser possível estimular um primeiro
episódio com efeitos mimetizados a partir de uma
espécie de psicose em estado fisiologicamente
controlado, reversível e sem os riscos
adjacentes de um delirium tremens.
Apesar de que, a primeira vista, a experiência
foi vista com conotação negativa para a
comunidade científica, esta descoberta foi muito
relevante, uma vez que deu início ao estudo da
“model psychosis”, que é o uso de substâncias
alucinógenas para fins de pesquisa, associando
estados de consciência alterados e processos
quíMicos (MAKIS, SCHMIDT, 2015).
Em 2016, foi realizado um estudo inédito com
voluntários com diagnóstico de dependência de
álcool. Estes receberam por via oral psilocibina
em doses de 0,3mg/kg ou 0,4mg/kg durante duas
sessões com intervalo de 4 semanas, juntamente
com terapia motivacional. Após o início da
administração da psilocibina além do tratamento
psicológico, percebeu-se a diminuição
significativa no consumo de bebidas alcoólicas,
mantendo-se positivo em grande parte das 36
semanas de experimento. Várias linhas de
evidência sugerem que alucinógenos agonistas 5-
HT2A possuem efeitos clínicos relevantes nas
dependências de álcool e dr**as (BOGENSCHUTZ et
al., 2015).