10/11/2021
O Quercus Alba, ou White oak, também chamado de “carvalho americano”, é natural do leste dos Estados Unidos e possui baixos índices de fenólicos – substâncias que dão estrutura ao vinho – e alta concentração de compostos aromáticos. As outras duas espécies são chamadas genericamente de “carvalho francês”. A França tem um quarto de sua área coberta de florestas. As espécies mais adaptáveis ao vinho são: Quercus Sessiliflora ou Quercus Petraea – comuns na floresta de Vosges, por exemplo, que proporcionam ao vinho mais aromas e menos estrutura; e Quercus Robur ou Quercus Pedunculata – das florestas de Limousin, da Borgonha e do sul da França, elas emprestam ao vinho mais polifenóis (adicionando corpo e estrutura) e menos aromas. O carvalho encontrado em países do leste da Europa, como a Eslovênia, é normalmente das variedades “francesas”.
Há vários outros fatores que influem no vinho além do tipo carvalho usado para armazenar. O primeiro deles é a granulação da madeira, pois a porosidade interfere no nível de absorção do vinho. Os menos porosos, além de terem maior procura, são mais discretos e finos em sua influência.
Outro fator importante é o crescimento e a idade da árvore. Quanto mais velho o carvalho e mais lento tenha sido seu crescimento, melhor a qualidade dos compostos fenólicos que irão influenciar o vinho. A parte do tronco e o tipo de corte usado na fabricação do barril também são importantes. O carvalho americano pode ser serrado, pois sua estrutura celular é mais densa e mais impermeável. Já o carvalho francês precisa ser partido (sem o uso de serras), mantendo os veios naturais da planta, sob o risco de provocar vazamento no futuro barril. Deste modo, aproveita-se menos o tronco do carvalho francês e sua elaboração é mais cara e laboriosa.
O envelhecimento da madeira é outro fator importantíssimo. Vocês acham que basta derrubar a árvore, serrar e voilà, está pronto o barril? Não! Depois de partida ou serrada, a madeira precisa ser seca por dois ou três anos. Isso é necessário para tirar a umidade do tronco, trazendo esta umidade lentamente ao nível do ambiente, e ao mesmo tempo permitindo modificações químicas na celulose (os componentes que causam acidez e amargor no vinho diminuem e aumentam os componentes aromáticos). É possível secar a madeira artificialmente em fornos, mas as mudanças químicas não ocorrem de forma ideal, deixando o carvalho mais amargo e menos aromático. Normalmente deixa-se a madeira no meio da floresta – exposta a chuvas –, no pátio da fábrica de barris ou da vinícola (neste caso pode ser necessário periodicamente um spray de água, para que a secagem seja mais lenta). Ao final desta etapa a umidade chegará a 17%, 18%.
A tosta e a montagem são as etapas seguintes, as quais irão influenciar diretamente o vinho. O barril de carvalho não leva pregos, as ripas são encaixadas. É necessário então aquecer a madeira com fim de que esta se torne maleável para montagem do barril. Este aquecimento pode ser feito com v***r, água fervente, fogo, ou ainda o wet-fire (mergulhar a madeira em água fervendo e depois usar o fogo). A tosta é feita, geralmente, com lenha de carvalho e pode ter de diversos níveis: tosta alta, média-alta, baixa, etc. Quanto mais alto o nível de tosta, mais aromas de tostados e torrados (caramelo, café etc.) o barril irá passar ao vinho. Por outro lado, a tosta muito alta diminui outros aromas do carvalho, prevalecendo o de tostado. O mais comum é o uso da tosta média ou média-alta, raramente a baixa ou a alta.
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